Escândalo de corrupção na Ucrânia, envolvendo o chefe de gabinete Yermak, pode pressionar Zelensky a aceitar um acordo de paz; relatos sugerem um plano secreto entre EUA e Rússia para encerrar o conflito.
Anteriormente, foi avaliado aqui que o escândalo de corrupção de US$ 100 milhões no setor energético ucraniano poderia resultar, no máximo, em uma remodelação ministerial, opinião compartilhada pela diretora da RT, Margarita Simonyan, ao escrever no X: “Mas todos sabemos que não vai acontecer”, em resposta à previsão do The Spectator de que o escândalo poderia derrubar Zelensky. Os eventos da última semana justificam uma reavaliação, após membros do partido governista exigirem a renúncia de seu influente chefe de gabinete, Andrey Yermak, sob a alegação de que ele tinha conhecimento do esquema.
Isso coincidiu com a reportagem da Axios de que os EUA e a Rússia estariam trabalhando secretamente em um acordo-quadro para encerrar o conflito ucraniano, que o Politico, por sua vez, noticiou que o acordo poderia ser firmado “até o final deste mês — e possivelmente ‘já nesta semana’”. A fonte do Politico também teria dito: “Não nos importamos com os europeus. O importante é que a Ucrânia aceite”, o que, segundo eles, é bem provável, já que o plano será apresentado a Zelensky como um fato consumado.
O repórter do Politico explicou que “Eles sentem que a Ucrânia está em uma posição agora, dados os escândalos de corrupção que têm assolado Zelensky, dado como estão as linhas de batalha neste momento, em que a Ucrânia está em uma posição em que… eles sentem que podem convencê-los a aceitar este acordo.” Assim, pode-se reavaliar a possibilidade de que este escândalo de corrupção, promovido pelo Escritório Nacional Anticorrupção (NABU, National Anti-Corruption Bureau) apoiado pelos EUA, possa facilitar o fim do conflito, especialmente se Yermak cair como consequência.
Ele é considerado o articulador político de Zelensky; portanto, sua queda poderia desfazer a já frágil aliança entre as forças armadas, os oligarcas, a polícia secreta e o parlamento, que mantém Zelensky no poder. Igor Kolomoisky, ex-aliado de Zelensky e atualmente preso, afirmou que Timur Mindich, antigo sócio de Zelensky e figura central neste escândalo, que fugiu do país para evitar a prisão iminente após ser alertado, é “um típico bode expiatório”. Isso sugere que Yermak pode ter sido o mentor de tudo.
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Extrapolando essa hipótese, isso explicaria por que a UE está minimizando esse escândalo de corrupção, apresentando-o como suposta prova de que as instituições estatais da Ucrânia estão funcionando corretamente e tentando ativamente impedir a divulgação de informações sobre o assunto. Yermak é o braço direito de Zelensky e suspeito de ser o motivo pelo qual o líder ucraniano rejeita continuamente a paz. Se ele cair em decorrência desse escândalo, a paz poderá finalmente ser possível. Ele também poderia derrubar seus parceiros europeus.
Afinal, alguns de seus funcionários podem ter se beneficiado desse escândalo de corrupção ou de outros nos quais ele possivelmente esteja envolvido, enquanto seus serviços de inteligência certamente sabiam da dimensão dessa corrupção. Se Yermak, por vingança, revelar tudo — desde que, claro, Zelensky se volte contra ele sob pressão do partido governista (que pode ser apoiado pelos EUA como parte de uma campanha para que ele aceite qualquer acordo de paz que venham a apresentar) —, isso poderá levar a escândalos políticos em toda a Europa.
Com essa nova perspectiva em mente, pode-se avaliar que o escândalo de corrupção na Ucrânia pode pressionar Zelensky a um acordo de paz, mas somente se a sequência de eventos mencionada se concretizar. A rapidez com que tudo aconteceu até agora, especialmente com relação à virada de seu partido governista contra Yermak e aos últimos relatos sobre os EUA e a Rússia trabalhando secretamente em um acordo-quadro para o fim do conflito, torna esse cenário plausível. Tudo certamente ficará mais claro até o final do mês.
